Vicios

Setembro. Tenho escrito muito. Não é hábito meu escrever tanto em tão pouco tempo ou escrever algo que sinta que tem de ser publicado em tão pouco tempo. Mas ando a deixar-me de hábitos e a dedicar-me a vicios. Vá. Previsivel e inutil. Hoje quero escrever sobre outra coisa . Vamos falar de música, há pouco tempo é que lhe começei a dar a importância merecida de facto. Sexta a noite fui a fnac comprar os bilhetes para ontem a noite, para mim qualquer viagem á fnac é subtilmente feliz. Perco-me com facilidade com coisas boas. Como a música por exemplo. Nessa tarde por acaso tinha falado de música com pessoa com quem não costumava falar de música, com pessoas com quem só costumo falar de vicios. Nessa noite resolvi experimentar, não estava minimamente interessada nas consequências ou na parte intelectual, peguei nos phones e no disco em questão e experimentei. Não, não foi como se tudo a minha volta tivesse desaparecido ou entrasse noutra dimensão bem pelo contrário tudo a minha volta se mostrou um bocadinho melhor aos meus olhos, um bocadinho mais feliz aos meus olhos, um bocadinho mais intenso para os meus olhos. Em cinco minutos de música couberam setecentas combinações de humores e inspirações, dois ou três portes engraçados e um melhor sentido de orientação para o que ando aqui a fazer. Hoje não me apetece escrever para setembro mas contentar-me com cinco minutos de música como os de sexta a noite.

Corner

"She said I don't mind if you don't mind, cause I don't shine if you don't shine, put you back on me, put you back on me." Sabes exactamente como penso, como sinto. É uma ousadia da tua parte e eu recebo-te sempre de braços abertos. Um dia isso não vai acontecer. Hoje não é o dia.

Ontem

Escrevo para revolucionar a tua escrita e passar das mais pequenas ideias a ideais que movem populações ou corações depende do ponto de vista. Assim creio que escrevo não para ti mas para mim, para especular e acreditar que escrevo com cada parte de mim,cada palavra, cada frase, cada memória aqui partilhada que andava perdida. A maior parte das vezes escrevo sobre amor, ou melhor o meu amor, o outro amor mas não me dou bem, em mim é tudo demasiado complicado para se dar ao trabalho de ser observado. As vezes gostava de ser simples. Como gosta a gomes, gostava de saber escrever, saber falar. A inspiração na maior parte das vezes transorma-se em dedicação e quando o esforço é maior que a aventura de iniciar um novo discurso deixo a meio. Hoje, escrevo o que devia ter escrito no inicio, o manual das boas-vindas ao meu espaço. Aqui onde o stock é limitado ao inexistente ou onde o inexistente se continua a procurar pelo stock e o limitado passa a segundo plano as trocas, os versos e os reversos da palavra ganham palco e dedicam-se a explorar os melhores sentimentos e emoções. Muita das vezes falo por falar, digo por dizer, vivo por viver mas ao menos faço-o, não me limito a existir ou ser. Há dias em que o português falha e a dimensão da escrita passa na realidade a outros niveis menos politicamente correctos ou só para amantes. Na verdade não há interesse em ler. Escrevo para mim e para ti ( que tens andado longe). Na verdade só há interesse em sentir, se consegues sentir então aqui há interesse nisso em sentir e reviver. Este é o meu stock, sê bem vindo e tá a vontade, vou tentar fazer o mesmo.

( Quando isto por aqui treme eu conto com o teu colo e por aí? Quandopor aí treme?)

Até sexta

Deixei de gostar de aparecer passei a gostar mais de ficar.

15 de Setembro de 2009, na volta ao regresso.

Sexta-feira faço-me á estrada. Ou secalhar amanhã. Depende como correr porque não tenho tomates. Ao que parece o superficial anda na moda. Há demasiado tempo. Que por acaso tem passado a correr, por isso sexta vai parecer-me amanhã que é quando me vou fazer á estrada. Como hoje. O dia de hoje que me provou que o superficial anda na moda mas que me fez querer andar lá no fundo. Como a hebe diz não faço fretes e é por aí. Assim não ando na moda e para ser sincera não sentia saudades. Talvez a falta mas saudades não, talvez sentisse a falta de voltar mas das pessoas não. Para mim é pouco tempo para sentir saudades. Ou secalhar o tempo tem passado a correr. Convivo com o superficial com relativa frequência por vezes até acompanha as minhas conversas ou forma de estar mas há momentos honestos em que volto as minhas origens originais e deixo o superficial de parte. Como hoje, no dia que se fez valer por pormenores e não pela volta. E é estranho como posso sentir assim. Mas o estranho é fixe. As minhas origens originais foram então, hoje, trazidas pelo abraço da magie - "Pronto já te sentes em casa"- disse. E como teve razão, em quase doze horas de volta, de regresso, aqueles doze segundos valeram mais que tudo o resto. Isso e o Tiago que se tem habituado a esses papeis de me afogar ou pelo menos afastar da superficie.
Agora menos a sério este é de coração feito para o João, não para ele que não há confiança para isso mas pela música dele, que hoje quando achei que ia voltar atrás ou parar para descansar me fez continuar a andar, a fazer esta estrada que começei ontem, ou na sexta que é amanhã. Aqui fica o meu mais sincero obrigado por não me ter deixado desistir.

Guardo agora

Lá nesses outros pedaços do irreal onde o tico anda perdido do teco não procuro melhor, nem corro para saber quem sou ou onde estou, Lá dedico-me apenas a outros começos sem pressas de serem acabados.

Pelo que tu quiseres

Faz-me um favor muda o humor por mim. Mas se o fizeres fá-lo em grande ou melhor sem merdas. Se o fizeres fá-lo por gozo, pelo teu gozo daquele lisonjeo e baratinho daquele cá do fundo que não partilhas com ninguém. E sim toca no céu e dá-me música, da tua que é só da tua que eu gosto.