Jomi

No outro dia o João perguntou-me se eu era feliz. Eu respondi que sim e ele ficou orgulhoso. E eu gosto quando o João fica orgulhoso . Eu também tenho muito orgulho nele. Apesar de ser parvo. O João é um bacano e merece o melhor do mundo.

E é isso , hoje apeteceu-me escrever para ti outra vez. Gosto muito muito de ti.

Abraços

Prometo que serão sentidos.

Ctrl Alt



Apetecem-me smarties.
(dá-lhe lá um conteúdo)

Estou cansada de rótulos.

Ya.

Pensei que quisesses vir comigo. Na boa.
Pelo contrário o jeitinho não é contigo.

As flores do meu pai.

Todos os dias 8 de Março o meu pai dá-me uma flor. Uma para mim, uma para a sofia e outra para a mãe. Faz isso desde que me lembro. Foram pelo menos dezasseis flores para mim. Eu sei que ele liga mais ás flores do dia 8 de março do que ao natal ou aos meus anos.

Não sei se graças ás flores ou não mas tenho em ideia que se hoje em dia tenho sangue revolucionário ou revoltado foi graças a ele e ás suas flores.

E apesar de hoje ser dia da mulher a minha história é dedicada ao pai António. É o meu muito obrigada por me ensinares a dar este valor as tuas flores.

Assim aqui está, para o meu pai.

Do fundo do coração da tua mini-primeira ministra.





Bom dia 8 de Março, para todas as minhas mulheres, com muitas flores, Rita.

Picapau

Lagoa de Quiaios, 1997

- Ouviste? São grilos. Ouviste os grilos?
- Sim.
- Os grilos são a voz do silêncio. Eles falam quando o silêncio tem alguma coisa a dizer.
- ... E se estiver escuro, como hoje, e os grilos tiverem medo de falar?
- Os grilos não tem medo. Nem do escuro, nem do lago, nem da luz do carro, nem de nós.
...
- Eles ouvem-nos?
- Sim. Ouvem tudo.
- E percebem?
- Sim, claro. Até quando falas baixinho.
-... Oh , então porque é que eu não os percebo?
- Tu também os percebes, pequenina. Fecha os olhos. Ouve com atenção. Os grilos são a voz do siêncio e o silêncio tem sempre alguma coisa a dizer. Mesmo a ti Rita.


Onde é que andam os nossos grilos?

Acto II

Eu nunca fui de crenças religiosas nem de fé politica.
Sempre gostei de dar palpites e tudo o que partilho são opiniões improváveis e intragavéis. Safo-me porque ninguém me leva a sério. Dá tudo um desconto. Quando tenho mais dez quilos do que era suposto, ou falo muito ou digo que vou mudar o mundo dão-me um desconto. A cena tá aí.
É que... bem, eu não estou muito para fazer o que os outros querem. E acomodar-me não dá muito comigo. Se é para crer nalguma coisa, eu cá tenho as minhas crenças. E gosto muito delas, são bem porreiras e algumas até se divertem quando resolvem pôr os pés em cima da mesa.
O melhor é que não me tem deixado mal, até tenho encontrado quem pense como eu, ou melhor, quem não pense como os outros querem.
Isso é fixe. Pelo menos deixa-me bem. Faz-me ter fé em mais alguma coisa. E como sempre, é por aí.